quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dois Candangos

Começa ao entardecer.
Fim de tarde, céu claro, clima seco.
Na praça dos poderes, três, os dois dançam.

São os grandiosos Dois Candangos, célebres guerreiros.
Imaginem o bafafá.
Agora mesmo dançam na harmonia do violão abandonado.

Cansaram-se de brincar de estátua.
Fizeram-se carne, que divertido.
E ao som do cerrado, ficam alegres como crianças.
Um segura forte e suavemente, dois rodopiam no centro do poder.
Ternura feita de bronze puro, nem de rocha, nem de aço

A coreografia? Um genuíno tango do abrasileirado.
Maracatu sambado, meio rock, quase xote ou axé com funk?
Combinação simples para quem gosta de misturas.
Gente nossa, simples, trabalhadora, orgulho saboroso do Brasil.
Para eles não há síndrome de vira lata.

A diversão dura por minutos longos.
Horas de segundos que há muito eram aguardados.
Momento de saciar a necessidade de uma simples dança.
Sonho de toda estátua.
Pena que sonhos longos não duram mais do que muitos instantes.

Certa hora, o arrepio da noite chega, acabou a música
Mesmo que ternos pedaços de metal, estão cansados.
Passou rápido, foi coisa pouca.
É hora de dar lugar aos outros, ceder um tiquinho de espaço.
Saem os Candangos, entram os calangos do cerrado.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Brilhe


Brilhe morena,
este viés de apatia,
só é efeito colateral,
foguinho bobo que se apaga,
já vai minguar.

Brilhe singela,
venha aqui no meu terreiro repousar,
anime-se com a cantoria,
aceite a valsinha,
dance comigo,
não vou me demorar.

Brilhe pequena,
transborde seu jeitinho de Renoir,
não perambule longe,
se aconchegue e desfrute,
a alegria de antes do antes,
não pode e nem deve se afastar.

Brilhe agora,
brilhe de chofre,
entenda o que é doce,
impressione o que é bom
e o ruim, deixe de lá.